Gilberto Froeder, de 43 anos, mora no bairro Humaitá, um dos mais afetados pela cheia na capital, e perdeu tudo que tinha em casa. Filha afirma que dedos do pai já estavam necrosados. Três dedos de Gilberto foram amputados
Arquivo pessoal
O cozinheiro Gilberto Froeder, de 43 anos, morador do bairro Humaitá, na Zona Norte de Porto Alegre, teve parte do pé amputado após uma infecção decorrente do contato com a água contaminada da enchente que atingiu o Rio Grande do Sul.
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Gilberto é portador do diabetes tipo 2, o principal agravante para a infecção. Com a doença, o corpo não produz insulina ou não consegue empregar adequadamente a insulina que produz. Sem ou com pouca insulina, o açúcar fica em excesso na corrente sanguínea.
O cozinheiro relatou ao g1 que viu sua casa ser destruída pelas inundações causadas pelas fortes chuvas que atingiram a região.
"Perdi tudo, minha casa, meu carro", conta Gilberto.
Quando a água começou a baixar na semana passada, Gilberto voltou à sua casa para avaliar a situação da residência e resgatar os animais, que ele não havia conseguido retirar a tempo. No dia 21 de maio, durante essas visitas, Gilberto cortou o pé, mas não sentiu dor no momento, segundo relato da filha Ana Carolina, de 18 anos.
No dia 23, Gilberto notou que seu pé estava inchado e decidiu procurar atendimento em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Após ser avaliado, ele foi liberado com a prescrição de um anti-inflamatório. No entanto, a situação piorou rapidamente até o dia seguinte.
"Ele percebeu que o pé estava muito inchado, vermelho, e os dedos estavam necrosando, estavam pretos já", conta a filha.
Na manhã de sábado (25), Gilberto foi submetido a uma cirurgia de emergência no hospital, onde teve três dedos e uma parte do pé amputados. Atualmente, ele está sob observação médica. A filha de Gilberto afirma que o cozinheiro nunca foi informado de que precisaria de insulina.
"Nunca tinha sido encaminhado ou informado para ele que tinha que tomar insulina. Sempre receitaram remédios e nunca insulina. Depois da cirurgia, perguntaram por que ele não tomava", relata Ana Carolina.
Gilberto, que mora com a filha, agora busca forças para a recuperação e ajuda de recursos para a reconstrução da casa.
A casa de Gilberto foi totalmente inundada pela cheia
Arquivo pessoal
Humaitá é um dos mais afetados
Conforme dados da prefeitura, dois dos bairros mais afetados na Zona Norte da capital, o Humaitá e o Farrapos, somam 30 mil habitantes e mais de 3,5 mil empresas. A Arena do Grêmio fica na região.
Na segunda-feira (27), moradores do bairro Humaitá tiraram água de balde da área alagada como forma de protesto contra a prefeitura. A BR-290, conhecida como Freeway, foi bloqueada durante a manifestação. As pessoas cobravam alguma medida do poder público em relação ao problema que enfrentam há mais de um mês.
Após a mobilização, a prefeitura instalou uma bomba móvel emprestada pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) no local, ao lado da casa de bombas do sistema anticheias que não está em funcionamento, com o objetivo de tentar desafogar a área.
O Rio Grande do Sul registra 169 mortos em razão dos temporais e cheias. A Defesa Civil do estado ainda informou que 53 pessoas estão desaparecidas.
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Publicada por: RBSYS